MAIS UM CASO ESTRANHO ATRAVESSOU O RUGBY PORTUGUÊS, numa “estória” que se prolongou por quase toda a época desportiva.
Uma sucessão de erros federativos, aproveitamento das omissões regulamentares e um deixar andar incompreensível, fizeram com que se arrastasse uma situação que, podendo não estar escrita, está inscrita na cabeça de qualquer pessoa envolvida na organização e na prática competitiva de uma modalidade que se pretende uma lição de vida.
Como é possível que o sistema de inscrição de equipas e jogadores na Federação seja uma verdadeira bandalheira? Para este particular existem normas regulamentares que definem com exactidão como e quando o que fazer.
Porque não se cumpre?
Como é possível que um regulamento em vigor há cerca de cinco anos tenha buracos do tamanho de um elefante, e nunca ninguém tenha dado por isso, ou pior, tenha dado por isso e tenha tentado tirar proveito indevido de um erro administrativo grosseiro?
Como se justifica que um Regulamento preparado em 2008, que chegou a ir a uma AG para aprovação, mas que devido ao adiantado da hora ficou na gaveta, nunca tenha sido sujeito a sufrágio, mantendo-se outro em vigor, que se sabia não satisfazer as necessidades?
Como explicar que um clube com tradições profundas no desporto português tenha um comportamento tão medíocre sob o ponto de vista da ética desportiva, na tentativa de tirar partido indevido duma omissão regulamentar que o simples bom senso exigia que fosse encarada de uma forma diferente?
Como explicar a apatia dos orgãos próprios da Federação perante toda esta situação, apenas quebrada pela intervenção enérgica do clube directamente prejudicado, que nunca aceitou a situação, apesar de ter esperado que quem governa os destinos do Rugby em Portugal a resolvesse?
O que teria acontecido se o Rugby Clube da Lousã não tivesse levado o caso até ao Conselho Jurisdicional da FPR?
Teria compensado o”crime” do Setúbal?
Estaria aberto um precedente que fulminaria a essência da própria actividade competitiva organizada – só pode participar quem faz parte da família, e quem não está inscrito na Federação, não faz parte da família.
Porque levou tanto tempo até que a actual direção tomasse uma atitude?
Onde está o inquérito que compreenda de quem são as responsabilidades deste caso – dos directores, actuais e passados, dos funcionários – já que tentar impingir a ideia que tudo não passou de um fait divers da responsabilidade exclusiva do Vitória, é tentar tapar o sol com uma peneira.
Onde está a comissão para avançar desde ontem com a necessária revisão regulamentar?
Ou vai ficar tudo na mesma, à espera duma próxima ocasião para pôr as coisas no seu devido lugar?
09/04/2010 às 12:44 |
De facto… há muita coisa estranha neste caso.
Mas quem está no meio dos processos administrativos do Rugby em Portugal sabe que isto não é novidade para ninguem, sempre aconteceu!
Duvido que o caso do Setubal seja caso único nos campeonatos Portugueses, mas sim os que mais escandalosamente se aproveitaram da situação.
Mas é tambem interessante que a 3 dias da ultima jornada do campeonato regular, tenha saído a decisão de um contencioso da 1ª jornada(!!)
Concordo que um inquérito têm de ser feito para tudo o que se passou nesta situação, aparentemente existem trocas de emails entre a FPR e o Vitoria sobre a situação dos jogadores, no jogo em causa nem o arbitro nem o delegado ao jogo tomaram alguma acção, o que mostra que estavam ao corrente da situação e seria interessante saber o que aconteceria se o Vitoria tivesse definitivamente afastado da final 4, ou como alguns dizem, perdido o jogo da final da taça com o CDUP..
Será que a FPR já agia com tanta justiça e em defesa da ética?